O trabalho dos investigadores, intitulado ‘Wind erosion in the Qaidam basin, central Asia: implications for tectonics, paleoclimate, and the source of the Loess Plateau’, foi publicado na edição de Abril e Maio da
GSA Today.
A equipa estima que o vento pode ser de 10 a 100 vezes mais eficaz na erosão montanhas do que se acreditava anteriormente.
Os geocientistas descobriram que o vento pode esculpir rochas através do estudo de gigantescas cristas de rocha formadas pelo vento, chamadas de
yardangs.
A investigação inicial da equipa foi realizada através de mapas geológicos da região e imagens de satélite do Google Earth. Então Kapp e sua equipa foram até à Bacia Qaidam, na Ásia Central, para recolher mais informações sobre
yardangs, a história da erosão do vento e da poeira.
“Consideramos que, durante os glaciais, quando é mais frio e seco, há uma erosão do vento severa na bacia Qaidam e o pó é empurrado e depositado na direcção do Planalto de Loess”, afirmou Paulo Kapp. O termo ‘loess’ refere-se a depósitos de sedimentos transportados pelo vento. Parte do Midwest, nos EUA, tem grandes depósitos de ‘loess’.
Como explicou o cientista,
“até 3000 mil anos atrás, a bacia encheu-se de sedimentos. Então, como um interruptor, o vento virou e os sedimentos na bacia foram soprados para longe”.
Conhecido como o ‘celeiro da China’, o Planalto de Loess é a maior reserva de poeira no planeta Terra. Os cientistas pensavam que a maioria da poeira vinha do deserto de Gobi. Mas Paulo Kapp e colegas sugerem que mais de metade da poeira veio da Bacia de Qaidam. Um dos co-autores do estudo, Pelletier, criou um modelo de computador indicando que a poeira da bacia pode ter formado o planalto.
Actualmente, o vento não tem esses efeitos porque o clima é diferente, explicou Paulo Kapp. Portanto, desde a última Idade do Gelo que terminou há 11 mil anos atrás, os ventos têm soprado a partir do deserto de Gobi em direcção ao Planalto de Loess. Já durante os períodos glaciais, os ventos sopram da bacia Qaidam em direcção ao Planalto de Loess.